BBC pede desculpas para Trump, mas diz não ver motivo para indenizar presidente dos EUA por edição de discurso
O presidente Donald Trump fala com a imprensa a bordo do Air Force One em 2 de novembro de 2025
REUTERS/Elizabeth Frantz
A rede de TV britânica BBC pediu desculpas ao presidente dos EUA, Donald Trump, nesta quinta-feira (13) por editar um discurso para dar a impressão de que ele havia incitado ações violentas de seus apoiadores antes da invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021.
A emissora rejeitou, no entanto, o pedido de indenização do republicano, que ameaçou pedir US$ 1 bilhão em compensação financeira.
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A emissora afirmou em comunicado que não exibirá o programa novamente. Dois chefes da BBC pediram demissão no início da semana por conta do episódio.
"Embora a BBC lamente sinceramente a forma como o vídeo foi editado, discordamos veementemente que haja fundamento para uma ação por difamação", declarou a BBC.
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A BBC foi alvo de críticas por conta do documentário do programa "Panorama", que foi exibido uma semana antes das eleições presidenciais de 2024. A atração trazia um discurso de Trump feito pouco antes de o Congresso declarar oficialmente a vitória de Joe Biden nas eleições de 2020.
Entenda o caso:
À época, Trump se recusou a aceitar a derrota e questionou o re✅ Siga o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsAppsultado das eleições.
No dia 6 de janeiro de 2021, apoiadores dele invadiram o Capitólio para protestar contra o resultado das eleições.
Pouco antes, Trump discursou e disse: "Vamos caminhar até o Capitólio e vamos aplaudir nossos bravos senadores e congressistas".
No entanto, o documentário da BBC alterou o trecho para: "Vamos caminhar até o Capitólio... e eu estarei lá com vocês. E lutaremos. Lutaremos com todas as forças".
Os dois trechos do discurso de Trump foram editados, dando a impressão de se tratar de apenas uma frase. Mas cada trecho foi falado com um intervalo de mais de 50 minutos de diferença.
O caso ganhou repercussão após o jornal britânico "The Telegraph" revelar um documento interno da BBC que apontava distorções na edição. Ainda segundo a reportagem, os diretores da emissora negaram que a edição havia violado os padrões da empresa.
Em carta enviada à BBC, os advogados de Trump exigiram que a empresa publicasse uma retratação completa do documentário e de "quaisquer outras declarações falsas, difamatórias, depreciativas, enganosas e inflamadas" sobre Trump.
A defesa do presidente também exigiu que a empresa dê o mesmo destaque para a retratação quanto o dado à exibição do documentário, além de fazer um pedido público de desculpas.
Por fim, os advogados exigem que a empresa indenize Trump pelos danos causados até o dia 14 de novembro, sob pena do ajuizamento de uma ação no valor de US$ 1 bilhão.
Desculpas ao Parlamento
Na segunda-feira (10), o presidente da BBC, Samir Shah, pediu desculpas pelo episódio em uma carta enviada à presidente da Comissão Parlamentar de Cultura, Mídia e Esportes do Reino Unido.
"Reconhecemos que a forma como o discurso foi editado deu a impressão de um apelo direto à violência. A BBC deseja pedir desculpas por este erro de julgamento", escreveu.
O presidente da emissora também prometeu reforçar a supervisão das diretrizes editoriais do grupo.
No domingo (9), o diretor-geral da BBC, Tim Davie, e a chefe da BBC News, Deborah Turness, anunciaram que tinham pedido demissão.
Já o governo britânico disse que apoia a BBC, afirmando que a emissora tem um papel importante contra a desinformação, mas exigiu que a empresa "mantenha a alta qualidade" e corrija seus erros rapidamente.FONTE: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/11/13/bbc-pede-desculpas-para-trump-mas-diz-nao-ver-motivo-para-indenizar-presidente-dos-eua-por-edicao-de-discurso.ghtml